O regime colossal colonial português foi também combatido pela via da imprensa. E os metodistas não estiveram à margem. O Estandarte é um dos vários tributos da Igreja Metodista Unida à causa da Independência Nacional.
Tecer a opinião sobre o relançamento do Estandarte, passados 63 anos do seu encerramento forçado pelo governo colonial, constitui não apenas uma honra, mas um privilégio. Por outro lado, o surgimento deste jornal remonta ao ano de 1933, cuja Direcção esteve integrada pelos seguintes membros: Gaspar de Almeida (Director); António Victor de Carvalho (Redactor); João Sebastião Rodrigues (Secretário da Redacção) e pelo Domingos Francisco da Silva (Administrador).
De igual modo, os membros da equipa de trabalho do Estandarte, representam uma classe de intelectuais com capacidades invulgares, cuja divisa de comunicar e instruir constituía um compromisso com a Igreja e com o país, para a formação integral do indivíduo.
O Estandarte constituiu uma alternativa autóctone de manter-se informado e, por outro lado, constituía uma afronta ao poder colonial. A imprensa livre e com cunho interventivo, emancipatório é um dos aspectos que singulariza a linha editorial deste jornal.
O Estandarte, já na década de 50, era o único jornal publicado em Angola pelos autóctones e tinha incluído no seu grupo de trabalho, pela primeira vez, uma mulher, a Deolinda Rodrigues de Almeida, nas funções de Secretária da Redacção. Ainda neste período, O Estandarte tornou-e um jornal muito popular, com correspondentes espalhados por todo país.
Este periódico foi encarado como oposição ao governo colonial, pelo facto de apresentar uma alternativa autóctone de manter-se informado. Por isso, era sempre censurado, na época esta actividade era exercida pela Comissão de Censura do regime colonial. Este acto, em bom rigor, acabava por retirar a liberdade de imprensa, já reivindicada pelos angolanos.
Numa sociedade em que a supressão das liberdades era um modo de vida do governo colonial, os metodistas criaram O Estandarte com o fito de levar o Evangelho para todos, mobilizar o povo, por meio dos seus artigos, ao amor e à instrução, valorizar a idiossincrasia dos povos de Angola, incentivar o ecumenismo, assim como troca de publicações diversas, que resulta na aprendizagem dos seus actores.
O ressurgimento de O Estandarte, na segunda tentativa na Angola independente, representa um ganho não apenas para a Igreja Metodista Unida, como também para a Universidade Metodista de Angola, pois terá os estudantes do curso de Língua Portuguesa e Comunicação a iniciarem o seu exercício à guisa de prolegómeno. Que este número permita surgir outros, com o rigor dos seus precursores.
No entanto, o protagonismo estudantil não deve ser uma tentativa, mas uma certeza e esta nova roupagem, ao nosso ver, traz uma oportunidade soberana, para clarificar e promover este exercício. Por um lado, devem ser evidenciados nesta nova fase editorial aspectos ligados à instrução dos fiéis metodistas e de outras denominações religiosas. Por outro, devem ser criadas as condições para oferecer assuntos, notícias e temas que suscitem o interesse de todos e não de um grupo exclusivo.
Se quisermos ter um jornal intemporal, deve-se criar uma estrutura forte, capaz de ser auto-financiada, de modo que os leitores estejam sempre atentos e interessados. Para o efeito, deve-se estar aberto a parcerias e ter correspondentes em todos lados, como foi no passado. Todavia, isso só será possível caso brindemos os técnicos com uma formação contínua e de alta qualidade.